Tecnologia e Sociedade
A Actividade Técnica
A história da técnica é a história de todas as descobertas e invenções com que o ser humano continuamente transformou o modo de viver para satisfazer as suas necessidades.
Inventar é criar novos dispositivos, processos ou produtos que nos permitem controlar o meio que nos envolve ajudando-nos a viver melhor, com mais facilidade e mais felizes. As invenções permitiram aos povos sobreviver aos perigos do ambiente e desenvolver uma sociedade civilizada.
Uma das fases mais importantes da história dos modos de produção deu-se quando o homem percebeu que podia aproveitar a força do vento e da água. Com esta descoberta, a produção já não dependia só do homem.
Há uns 2,5 milhões de anos o homem utilizava apenas a pedra, o osso, a madeira e a pele como materiais para satisfazer as suas necessidades. O desenvolvimento de utensílios bastante simples era o reflexo da lenta evolução na aplicação e uso dos materiais.
A descoberta do fogo há cerca de quinhentos mil anos deu ao homem a possibilidade de alterar a sua forma de vida. O fogo, para além de aquecer, iluminar ou cozinhar, deu ao homem a possibilidade de transformar os materiais.
A idade do bronze e a idade do ferro marcaram a evolução das técnicas permitindo melhorar a qualidade dos utensílios e a invenção de outros ao mesmo tempo que se aumentava a sua produção através de técnicas mais perfeitas.
A importância dos metais na antiguidade está ligada às suas propriedades mecânicas, muito superiores às da pedra. Podem ser misturados com outros metais formando ligas mais duras e mais resistentes.
Invenções técnicas
A invenção da roda é considerada como a mais importante descoberta técnica do homem.
O carro de rodas e de tracção animal vem possibilitar novas relações sociais e encurtar distâncias beneficiando o desenvolvimento do comércio e a troca de objectos e técnicas.
As potencialidades técnicas da roda surgem mais tarde com o aparecimento dos fusos, tornos, moinhos e com as engrenagens e rodas dentadas utilizadas pelos romanos.
Transformações na organização social e no trabalho
As invenções técnicas vieram provocar transformações na sociedade, na organização social e no trabalho. Surgem novas profissões, desenvolve-se a actividade agrícola e aparecem novos utensílios e objectos associados a novos hábitos alimentares.
O oleiro, a tecedeira, o tanoeiro e o ferreiro passam a fazer parte desta nova estrutura social.
Com o desenvolvimento destas actividades surge a necessidade de construir novas cidades onde pedreiros, carpinteiros, vidreiros, organizam e integram esta nova estrutura.
Na pequena oficina (produção artesanal), o artesão, com algumas ferramentas produzia apenas um objecto de cada vez. Este tipo de produção tem as seguintes características: as formas obtidas são semelhantes; tem uma forte componente manual; a sua concretização é o resultado de sucessivas tentativas; baseia-se em conhecimentos transmitidos ao longo do tempo, de geração em geração; não obedece a um projecto prévio, nem a um fabrico rigoroso.
Com a introdução de engenhos na produção de objectos conseguiu-se uma produção em maiores quantidades (produção industrial)
Este tipo de produção tem as seguintes características: o processo de produção é o resultado de um projecto prévio; o processo de fabrico é rigoroso e caracterizado pela divisão em diferentes etapas especializadas; a produção é em grande série.
Assiste-se, ainda hoje, a um crescimento onde a técnica ocupa um lugar cada vez mais importante. A criação de novas tecnologias permitem aumentar o processo de produção e reduzir o esforço físico.
A industrialização e o desenvolvimento do comércio fez surgir, também, novas classes sociais: empregados administrativos, do comércio, carteiros, professores, ferroviários,...
Técnica e tecnologia
Actualmente, a técnica caracteriza-se por ser um conjunto de procedimentos e recursos de que se serve a ciência ou a arte. A tecnologia poderá ser a reflexão sistemática sobre os problemas sugeridos pela técnica.
A robótica, os computadores, as fibras ópticas, os raios laser, a electrónica, as novas formas de transformação da energia, a energia nuclear, os plásticos e o betão (entre outros) são os actuais agentes da revolução tecnológica.
Os processos tecnológicos servem de organização à sociedade e impõem um ritmo de desenvolvimento que nunca foi tão rápido como na contemporaneidade.
Impacte ambiental das tecnologias
A poluição nos seus múltiplos aspectos é um enorme motivo de preocupação.
Por um lado a técnica melhora as condições de vida das pessoas, mas, por outro, desenvolve forças incontroláveis e efeitos altamente negativos para a humanidade.
A natureza não é um bem inesgotável e é cada vez mais difícil de proteger.
Os recursos naturais estão cada vez mais em risco, com a sua disponibilidade cada vez mais afectada pondo em causa as possibilidades de desenvolvimento futuras.
A utilização excessiva e desregrada dos recursos naturais na produção industrial, mediante a utilização de novas tecnologias, tem originado, até, alterações no clima, que, por sua vez, são a causa mais importante do desequilíbrio do ecossistema.
As consequências da não reciclagem dão origem a custos ecológicos incalculáveis.
Os principais agentes de poluição:
Dióxido de carbono - tem origem nos processos de combustão da produção de energia e da calefacção doméstica. A acumulação deste gás pode aumentar a temperatura da superfície terrestre.
Monóxido de carbono - tem origem nas combustões incompletas dos veículos a motor, refinarias e siderurgias.
Dióxido de enxofre - tem origem nos fumos das fábricas, centrais eléctricas, combustível de uso doméstico e nos automóveis.
Óxido de azoto - produzido na combustão interna nas incineradoras, nos aviões, no uso de fertilizantes químicos, nos incêndios. Formam a poluição das grandes cidades.
Fosfatos - provêm dos detergentes e dos fertilizantes usados em excesso. Constituem a poluição dos lagos e rios.
Mercúrio - é produzido nas centrais de energia eléctrica, pela utilização de combustíveis fósseis, na fabricação de tintas, pasta de papel e na exploração de minas.
Chumbo - provém da indústria química e dos pesticidas.
Petróleo - poluição causada pelos acidentes de transporte e da evacuação durante o transporte.
Pesticidas - são utilizados na agricultura, e, transportados pelas águas provocam a morte de peixes contaminando o seu alimento.
Tecnologias e politicas ambientais
Em parte, o controlo da poluição consiste no aproveitamento dos materiais ou na sua reciclagem.
A gestão dos resíduos (urbanos, hospitalares industriais ou perigosos) constitui o tema chave deste início de milénio. Os princípios básicos para a gestão dos resíduos foram enunciados em 1992 na conferência do rio.
A Agenda 21 é um documento que foi aprovado na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro, que teve lugar de 3 a 14 de Junho de 1992. O documento tem cerca de 540 páginas e estabelece um programa de acção para o século XXI a ser adoptado pelos diversos países em todas as áreas que dizem respeito ao desenvolvimento sustentável do planeta. Os diversos capítulos desta Agenda, incluem temas tão variados como o combate à pobreza, a protecção da saúde, a protecção da atmosfera, a conservação dos solos, a biotecnologia, os recursos oceânicos, os resíduos perigosos ou a educação ambiental. Ao todo são 39 capítulos, onde também são estabelecidas as instituições que seguirão todo o processo da Conferência do Rio.
Face a esse objectivo surgiu a política dos 3R's: Reduzir, Reutilizar, Reciclar
Reduzir o consumo exagerado dos recursos naturais, como a água. Reduzir na quantidade de produtos poluentes, como os detergentes que, na sua composição, têm fosfatos, substâncias prejudiciais para o ambiente.
Reutilizar os objectos que costumamos deitar fora depois de usados, como os sacos de plástico.
Reciclar o vidro, o papel, o plástico, o alumínio, os pneus e os restos de alimentos, por forma a transformá-los noutros produtos.
Os resultados do processo de reciclagem têm sido muito positivos, tanto a nível ambiental, como a nível económico e social.
A nível ambiental, a reciclagem reduz as agressões ao solo, à água e à atmosfera, evitando o corte de árvores e as emissões de gases nocivos, como o metano.
No âmbito económico, este processo contribui para a utilização racional das matérias-primas naturais e para a reposição de recursos que podem ser reaproveitados na produção de novos produtos, como por exemplo, o papel.
No âmbito social, proporciona melhor qualidade de vida aos cidadãos e é responsável pela criação de postos de trabalho, na recolha, classificação e separação dos resíduos.
Há outros processos de tratamento de resíduos, como a incineração, a compostagem e o aterro sanitário, que, no entanto, são dispendiosos.
Bibliografia:
SANTOS, Ana Abreu et al (2006), ET 7/8, Areal Editores, 1ª Edição
SILVA, Edgar et al (2006), Educação Tecnológica -7º e 8º Anos, Texto Editores, 1ª Edição
http://ecosfera.publico.pt/glossario/glossario.asp
http://clip.blogs.sapo.pt