prefácio
este e.clip.se parcial contém extractos do total sob a forma de RCAD entregue na Escola do Caramulo. com as vantagens e inconvenientes das transparências em épocas de banhos fica desde já aberto a comentários ...
[...] Estes 96 alunos, moradores nas freguesias “Caramulanas” do concelho de Tondela e Oliveira de Frades ( Varzielas e Paranho de Arca ) revelam um lugar impressionante. As paisagens magníficas, vincadas e acentuadamente rurais potenciam o local onde se insere esta Escola. A vila do Caramulo ainda é, apesar da grande ruína em que se tornou a Estância Sanatorial, um modelo urbano e de conforto raros neste país. É, hoje, uma estância turística com enormes potencialidades, que vive sobretudo da população sazonal que escolhe este lugar como refúgio de uma urbanidade mal ( quase sempre ) planeada . É este o contexto com que me deparei neste tirocinio próximo dos 1000 metros de altitude. [...]
A viagem realizada no inicio do ano ao “ território educativo” mostrou a presença e a ausência existentes nestas paragens. Uma população pobre que vive da agricultura, do pastoreio ou da exploração de pedra tem nesta vila uma referência de urbanidade, de cultura e de conforto que deveria ser o motor para a requalificação das suas aldeias. [...]
Desta análise surgiu a ideia para um trabalho de fundo a realizar com os alunos.
A recuperação de formas de ocupação do território ( planeamento ) e modelos ( tipologias ) de casas típicas da Serra do Caramulo. [...]
Os alunos do 8º e 9º ano desenvolveram durante o primeiro período um trabalho de análise e investigação sobre as formas de ocupação territorial das aldeias serranas, sobre as tipologias da arquitectura vernacular e sobre os materiais usados nessas construções. Foram mostradas imagens retiradas do livro ( inquérito ) Arquitectura Popular em Portugal procurando entender a arquitectura como um dos pilares básicos da nossa cultura. Esta proposta, contaminada através do notável Proxecto Terra do COAG Galego é, também, uma adaptação ao programa previsto para a disciplina, com vista a um melhor conhecimento da nossa arquitectura e da nossa identidade territorial. [...]
Algumas destas casas, ou casos, foram propostas para fazer parte de um projecto para a área ajardinada da escola. Ainda em fase de adaptação ao “ novo habitat” foi grande o entusiasmo de toda a comunidade educativa inclusivamente dos encarregados de educação quando se deslocavam à escola. A ideia, da incontornável Dona Rosa, tem pernas para andar mas ainda lhe falta tirar o chapéu. [...]
Menos homogéneo foi o entusiasmo dos restantes docentes e da D. Cristina.
Os primeiros com algumas queixas em relação ao ruído das máquinas nas salas contiguas e a segunda em relação ao pó produzido pelo corte da pedra. Enfim, as desvantagens das vantagens, mas um grande sinal de actividade e de trabalho. Faltou o tempo e algumas ferramentas para fazer mais e melhor. Ficou apesar de tudo o mais importante, uma relação óptima com toda a gente principalmente com os melhores alunos do mundo, os primeiros. [...]
Tudo isto foi sendo divulgado e disponibilizado ao longo do ano através do blogue da disciplina, o CLIP ( http://clip.blogs.sapo.pt ). Esta ferramenta, de certa forma inovadora, trouxe um novo formato para o debate entre alunos, professores e encarregados de educação.
Ainda pouco explorado pela comunidade educativa, conforme escrevi num texto para o Jornal da Escola, este projecto ( blogue ) bastante elogiado, na escola e fora dela também, foi o arranque de uma nova abordagem às novas tecnologias.
Chegaram, através dele, comentários de professores de outras escolas, de ex alunos e de bloguistas conceituados. Todos eles elogiaram e incentivaram este projecto que teve de Setembro de 2006 a Julho de 2007 cerca de 2500 visitantes. Foi citado numa conferência sobre a relação entre a Escola e a Internet, organizada pelo DN em Lisboa, como um bom exemplo nesta área. Ainda assim há ainda muito por explorar, principalmente ao nível da escola onde existe, apesar do esforço notável da coordenação das TIC, alguma insuficiência de computadores em espaços nucleares como a biblioteca ou alguma desorganização no controle de conteúdos à disposição dos alunos. O CLIP, projecto-coqueluche, da minha actividade nesta escola esteve inicialmente associado à disciplina de ET mas rapidamente se abriu à comunidade escolar transformando-se em plataforma de divulgação de todas as actividades, tendo sido assumido ( não oficialmente, claro ) como a página web da escola. [...]
Recuperando a frase, sempre presente, do mestre A. Loos “ o arquitecto é o pedreiro que aprendeu latim “ tentei introduzir aquilo que me pareceu mais importante, uma nova abordagem ao programa através da Arquitectura ( tal como para Wittgenstein “os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo” ). Entendo a arquitectura como um dos pilares culturais da nossa sociedade e tal como nos fundamentos do Proxecto Terra com o qual, já tardiamente encontrei algumas afinidades educativas, me parece relevante ir ao encontro de uma reflexão crítica sobre o património construído. Já !